ATA DA QUADRAGÉSIMA QUINTA SESSÃO SOLENE DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 26-9-2000.

 

 


Aos vinte e seis dias do mês de setembro do ano dois mil reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quinze horas e trinta e um minutos, constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada a homenagear a Terceira Idade, o Dia Municipal do Idoso, o Dia dos Avós, a Semana do Idoso e o Dia Internacional do Idoso, nos termos do Requerimento nº 055/00 (Processo nº 0942/00), de autoria do Vereador Cyro Martini. Compuseram a MESA: o Vereador João Dib, presidindo os trabalhos; a Senhora Cristina Padilha Lemos, representante dos idosos; o Senhor Carlos César Bento Filho, representante do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre e da Fundação de Assistência Social e Cidadania – FASC; a Senhora Elza Pacheco, representante da Secretaria Municipal de Saúde; o Major Jorge Luís, representante do Comando-Geral da Brigada Militar. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem o Hino Nacional, executado pelo Violinista Jürgen Wentz e, após, concedeu a palavra ao Vereador Cyro Martini que, em nome da Câmara Municipal de Porto Alegre, manifestou sua honra em homenagear os idosos, comentando a importância da participação contributiva desses cidadãos na atual sociedade. Também, teceu considerações sobre a criação de um Conselho e de um Fórum Municipal do Idoso, como forma de oportunizar e ampliar o debate sobre as questões relacionadas à Terceira Idade e procedeu à leitura de poesia de autoria de Sua Excelência, intitulada “Igualdade entre os Idosos”. Após, foram registradas as seguintes presenças, como extensão da Mesa: do Senhor Francisco Antônio Caputo, Presidente do Grupo Viva a Vida, do Hospital Conceição; do Senhor Nelson Faquini, representante da Casa do Poeta Brasileiro; da Senhora Marinês Bonacina, representante da Casa do Poeta Rio-Grandense; do Senhor Jorge Peixoto, representante da Casa do Poeta Latino-Americano; de representantes do Grupo Terceira Onda, vinculado ao Serviço Social do Comércio – SESC, do Grupo São José Operário, do Grupo Sempre Viva, do Centro de Saúde IAPI, do Grupo Unidos Venceremos, vinculado ao Centro de Saúde Modelo, do Grupo Arte de Viver, vinculado ao Centro Regional de Assistência Social Sul e Centro-Sul; do Grupo Semear, vinculado ao Centro Regional de Assistência Social Glória - Cruzeiro - Cristal, e da Sociedade Porto-Alegrense de Auxílio aos Necessitados – SPAAN. Também, o Senhor Presidente registrou o recebimento de correspondências alusivas à presente solenidade, enviadas pelo Desembargador Luiz Felipe Vasques de Magalhães, Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, e pelo Senhor Cláudio Barros Silva, Procurador-Geral de Justiça. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra às Senhoras Alzira Branco Lameira e à Senhora Marilda Soares, que declamaram, respectivamente, as poesias intituladas “Tempo de Saudade”, de autoria do Senhor Martim Saraiva Barbosa, e “Não! Velho Não sou”, de autoria do Vereador Cyro Martini. Em prosseguimento, o Senhor Presidente concedeu a palavra à Senhora Cristina Padilha Lemos, que destacou a importância do registro hoje feito por este Legislativo, com referência à Terceira Idade, ao Dia Municipal do Idoso, ao Dia dos Avós, à Semana do Idoso e ao Dia Internacional do Idoso. Após, o Senhor Presidente registrou a presença do Senhor Ernani Behs. Em continuidade, procedeu-se à apresentação dos números musicais “Oração da Família”, pelo Grupo Viva a Vida, sob a coordenação do Senhor Luiz Alberto Rigotti, e “Va Pensiero” e “Amigos para Sempre”, executadas pelo Violinista Jürgen Wentz. Após, o Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem o Hino Rio-Grandense, executado pelo Violinista Jürgen Wentz, e, nada mais havendo a tratar, agradeceu a presença de todos e declarou encerrados os trabalhos às dezesseis horas e vinte e nove minutos, convidando a todos para a Sessão Solene a ser realizada a seguir. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador João Dib e secretariados pelo Vereador Cyro Martini, como Secretário "ad hoc". Do que eu, Cyro Martini, Secretário "ad hoc", determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (João Dib): Estão abertos os trabalhos da presente Sessão Solene, destinada a homenagear a Terceira Idade, Dia Municipal do Idoso, Dia dos Avós, Semana do Idoso 2000 e o Dia Internacional do Idoso.

Convidamos, para compor a Mesa, a Dr.ª Cristina Padilha Lemos, representante dos idosos; Sr. Carlos César Bento Filho, representante do Prefeito Municipal e Presidente da FASC; Sr.ª Elza Pacheco, representante da Secretaria Municipal da Saúde; Major Jorge Luís, representante do Comando-Geral da Brigada Militar.

Convidamos todos o presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro, que será executado pelo Violinista Jürgen Wentz.

 

(O Violinista Jürgen Wentz executa o Hino Nacional.)

 

O Ver. Cyro Martini está com a palavra, e, em nome da Casa do Povo de Porto Alegre, vai fazer a saudação aos nossos homenageados de hoje.

 

O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Para nós, nesta oportunidade, é motivo de honra e de satisfação poder ser o portador da voz desta Casa. Esta homenagem quer significar tudo aquilo que concerne ao idoso, não apenas no que diz respeito aos aspectos positivos da alegria, do entusiasmo, da empolgação, mas também aos aspectos relativos às questões que preocupam, que deprimem, às dificuldades próprias dos idosos nos diversos campos, da saúde, da aposentadoria, nesses vários aspectos. Para mim é um motivo de honra poder trazer aqui a minha palavra e significar, ela, a palavra desta Casa, ou seja, do Município de Porto Alegre.

Nós tivemos a oportunidade, nesta Casa, de apresentar, ainda no ano passado, proposta pela qual nós pretendíamos que fosse criado o Conselho Municipal do Idoso e o Fórum Municipal do Idoso. Não foi uma proposta construída por uma pessoa, apenas por mim, mas foi construída ao longo do debate, da discussão com diversos grupos aqui nesta Casa, nas suas repartições e também fora dela, e em 31 de março foi assinada a Lei Complementar nº 444, que hoje já está em franco andamento para instalação do Conselho Municipal do Idoso e do Fórum Municipal do Idoso. O Fórum é uma participação aberta a todos os que querem discutir a respeito das preocupações, boas ou más, dos idosos, e o Conselho é o instrumento municipal para a ativação das políticas municipais dos idosos, que devem estar, obviamente, identificadas com as necessidades e os anseios das pessoas da terceira idade.

Então, tivemos a honra de ser o proponente de algo de extrema importância que, já no final deste ano, estará dando oportunidade para se encaminhar soluções relativas às preocupações dos idosos. Sem dúvida, no ano que vem deverá estar em franco desenvolvimento.

Um outro instrumento, sobre o qual nós já estamos a trabalhar, será a política municipal do idoso. Nós tínhamos a política nacional do idoso; há pouco tempo foi assinada, pelo Governo do Estado, a política estadual do idoso. Mas nós já temos uma pré-proposta escrita para oportunizar o debate com os idosos nesse sentido. Há outras iniciativas que, sem dúvida, esta Casa também tomará, visando à terceira idade.

Nós sempre dizemos que o futuro do Brasil já está nas mãos dos idosos. Nós somos do tempo em que o Brasil era o futuro através da criança e do jovem. Hoje, nós vamos testemunhando, aos poucos, que o futuro do Brasil está nas mãos dos idosos, por isso sempre tomo a liberdade, talvez um tanto quanto petulante, de dizer que estará em melhores mãos. Por que isso? Nós, que conhecemos os idosos, motivo de orgulho para nós, sabemos que o idoso hoje não é aquela pessoa jogada num canto, prostrada, sem vida e sem alma. Hoje, o idoso é alguém que quer participar, que quer atuar, que quer fazer algo não apenas por ele. Se há algo que também caracteriza o idoso é a bondade e o coração, pois ele já perdeu aqueles traços tão arraigados de egoísmo para traduzir-se de uma forma mais altruísta, doar-se mais em favor do outro.

Outro aspecto pelo qual o Brasil estará em melhores mãos, outro dado de extrema importância  é a experiência. Se o idoso tem a garra do jovem, o jovem não tem o que o idoso constrói ao longo da sua vida, que é a experiência, solidificada na alegria e no sofrimento. Isso é de extrema importância. Quantas coisas boas nós poderíamos falar a respeito dos idosos! E quantas coisas tristes também, como, por exemplo, que eles sofrem nas filas, sofrem esperando uma oportunidade de atendimento. Mas hoje é dia de lembrar apenas as alegrias, apenas o prazer de termos aqui representações da SPAAN, do Padre Cacique e outras. Eu apenas vou citar esses dois exemplos, que são casas de abrigo, para não cometer um ato de injustiça e me esquecer de alguma representação.

Eu, hoje, pertenço à terceira idade, com muito orgulho. Eu e o Ver. João Dib - ele há mais tempo, mas eu pelo menos há um ano, pois tenho sessenta e um anos; já não jogo os noventa minutos, o Ver. João Dib ainda joga, mas eu não. Eu sei que os idosos gostam de poesias, por isso, às vezes, faço as minhas rimas, mas não sei declamá-las, como também elas não são de tanta qualidade assim. Como alguns gostam, eu tomo a liberdade de ler a poesia que fiz para esta ocasião.

Há também um dado muito singular que se observa entre os idosos. Além da atitude altruísta que marca o idoso, há uma outra, que é a igualdade entre eles. Eles não fazem discriminação, como, por exemplo, aquele é rico, aquele é pobre, esse é feio, esse é bonito. O que eu vejo entre os idosos é que eles são irmãos, na mesma comunidade.

(Lê a poesia.) “Igualdade entre os Idosos

Trago no meu coração uma mensagem, / Para declamar neste dia de homenagem / Aos porto-alegrenses da terceira idade, / Sem esquecer os demais da maturidade.

Na homenagem, que, com simplicidade, / Eu presto aos idosos, anoto a igualdade / Que reina entre eles com total soberania, / Porque são iguais na tristeza e na alegria.

Não há diferença de cultura e de riqueza: / É o que dá ao movimento a clara certeza / De estar no caminho certo da cristandade / Que manda sermos irmãos na humanidade. 

Não há idoso menos nem mais importante. / Todos são iguais e lutam de modo pujante / Pelo direito do cidadão da terceira idade, / Com muito vigor, consideração e vontade.

A homenagem que se presta, deve, assim, / Assinalar com firmeza, para ti e para mim, / Que, a par de outros valores, a igualdade, / Para eles, deve ser, e é, a melhor qualidade.

Parabéns, aos cidadãos idosos, no seu dia! / Que sempre haja entre eles fraterna alegria! / E todos os que integram nossa comunidade, / Devem-se espelhar e apoiar a terceira idade.

A mensagem assim é dita com simplicidade, / Sem pompas, todavia não com vulgaridade, / Enfatizando sobremodo o amor e respeito / Que deve haver entre eles, acima do direito.

O Brasil destes dias já é o Brasil do idoso. / Já não é apenas o Brasil do jovem garboso. / Se o País dependeu e depende da mocidade, / Doravante também dependerá da maturidade!

Deus lá do Céu certamente a todos nós dirá / Que a santa luz do Espírito Santo inspirará / A todos, sejam do campo, sejam da cidade / Que no amor e na igualdade está a felicidade!”

Esses são versos simples, através dos quais prestamos esta homenagem. (Palmas.)

Muito obrigado a todos pela atenção, lembrando que no dia 9 de outubro, segunda-feira, às 14h, no Plenarinho da Câmara de Vereadores, será colocado em discussão e votação o Regimento do Conselho Municipal do Idoso. Ficam as minhas palavras, em nome da Câmara, isto é, da Cidade, para os idosos. Que todos sejamos felizes e que todos os jovens tenham a oportunidade de chegar, assim como nós chegamos, com vontade, com força e com saúde na terceira idade. Muito obrigado pela atenção.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Dib): Como disse o Ver. Cyro Martini, eu acho que ainda jogo os noventa minutos, até porque não acredito muito na velhice, nem na terceira idade. Um dia li uma quadrinha que dizia: “Risca do teu dicionário a palavra velhice; quem muito trabalha não tem tempo de pensar nesta tolice”. Esta gente toda que está aqui está demonstrando que não há por que pensar na velhice, pois trabalham bastante e estão aqui sorridentes e felizes. Lembro que a minha mãe, que faleceu este ano sem completar os seus noventa e seis anos, me dizia que  não devemos envelhecer e sim acumular juventude, e quando ela estava com quase 95 anos a discussão que nós tínhamos era porque ela queria comprar um apartamento para morar perto de mim. Portanto, ela sabia que tinha que acumular juventude e não deveria envelhecer.

Devo citar como extensão da Mesa o Sr. Francisco Antônio Caputo, Presidente do Grupo Viva a Vida do Hospital Conceição; o Sr. Nelson Faquini, representante da Casa do Poeta Brasileiro; a Sr.ª Marinês Bonacina, representante da Casa do Poeta Rio-Grandense; o Sr. Jorge Peixoto, representante da Casa do Poeta Latino-Americano; Grupo Terceira Onda - SESC Campestre; Grupo São José Operário; Grupo Sempre Viva; Centro de Saúde IAPI; Grupo Unidos Venceremos do Centro de Saúde Modelo; Arte de Viver – Centro Regional de Assistência Social Sul e Centro-Sul; Centro Regional de Assitência Social Glória – Cruzeiro - Cristal - Grupo Semear; SPAAN; e demais autoridades, grupos e amigos aqui presentes.

Registramos o recebimento de saudação do Presidente do Tribunal de Justiça do Estado, Dr. Luiz Felipe Vasques de Magalhães, e do Procurador-Geral de Justiça Dr. Cláudio Barros Silva.

Dando continuidade a nossa Sessão, que realmente é muito bonita, cheia de vida e de vitalidade, ouviremos a Sr.ª Alzira Branco Lameira que declamará a poesia Tempo de Saudade.

 

A SRA. ALZIRA BRANCO LAMEIRA: A poesia que irei declamar é de Martim Saraiva Barbosa:

“Quem diria, a retina dos meus olhos estão velhas, estão cansadas, cansadas de ver o mundo que eu tanto queria ver. Não faz mais que pouco tempo, eu ainda era menina, olhos puros, alma branca, uma sede de distâncias que transbordavam no peito, derramando salgadas nos olhos da minha infância. A retina dos meus olhos se embaçam vendo a Cidade, nos olhos indiferentes de tanta gente que passa sem mesmo saber que é gente, nos olhos desses meninos que passam de azul e branco, expressam, impresso e se perdem no rumo reto do mundo que as ruas lhes põe à frente. Há homens, jovens passando, perdidos na multidão, que pelas ruas se arrastam em cada olho um cifrão. Da vida, tudo na pasta, e um vazio no coração. O boa-noite dos velhos, há muito tempo perdeu-se. Porém, entre os ruídos dos carros que, em loucos acelerados, vão empurrando as pessoas no leito estreito e comprido dessas malditas calçadas, que por onde andar não se pode.

E até não sei como cabe, por essas ruas tão cheias desta cidade tão louca. A minha frente a cidade; antes de mim, a saudade. Saudade da voz macia numa canção de ninar, canções que as mães deste tempo não têm tempo de cantar.

Tinha príncipes e fadas, tinha meninos e amantes na história que toda noite mamãe contava para mim. Que pena! Não sei o fim! Eu sempre dormia antes. Quando a noite se perdia nos braços da alvorada, eu levantava e corria a procura de meu pai. Era dele que eu gostava, quando clareava o dia. Era verde, azul e sol a distância de onde vim, mas a vida mudou tanto que a saudade fez castelos no meu rancho de capim.” Muito obrigada. (Palmas.)

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Dib): Que beleza! Que entusiasmo da nossa Alzira! A Sr.ª Marilda Soares recitará a poesia intitulada “Não! Velho não sou.”

 

A SRA. MARILDA SOARES: “Não! Velho não sou. Velho não sou; sou idoso, pois que enfrento com energia, altivo, firme e orgulhoso o tempo que passa todo dia. O meu ânimo não se abate, não me importa a dificuldade, estou pronto para o combate. Me importa apenas a felicidade, por que dor e sofrimento? Não, jamais. Eu quero a alegria; não quero o padecimento. Isso não é lição de sabedoria. Tenho a idade que quero. Os anos passaram, e eu com isso? Para mim sempre espero o que de melhor há de vir disso. Os anos são experiências acumuladas no curso da vida. Nunca serão maleficências que me atinjam com cruel ferida. Dos teus lábios o sorriso, jamais, nunca pode ser apagado, mesmo que seja preciso, até mesmo que seja obrigado. Te devem acompanhar entusiasmo, alegria e bondade para a tua alma exalar apenas o prazer da felicidade!” Cyro Martini. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Dib): Eu penso que a Marilda, através da poesia do Ver. Cyro Martini, deu o caminho. Recomendo que todas as manhãs, e, se necessário, ao meio dia também, repitam: “Não, velho eu não sou!”

A Dr.ª Cristina Padilha Lemos está com a palavra em nome dos homenageados.

 

A SRA. CRISTINA PADILHA LEMOS: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, demais presentes, eu gostaria de agradecer pela honra de ter sido escolhida para representar os grupos de terceira idade. Eu tenho conhecido muitos grupos; trabalho na Zona Norte, no Serviço de Saúde Comunitária do Hospital Conceição, que se espalhou pela Zona Norte, e agora, às custas desse trabalho, temos recebido convites para trabalhar com diversos grupos. Esse é um privilégio especial que estou tendo; vejo que essa coisa de trabalhar com idosos, de lidar com o velho é muito importante. Inclusive chegam pessoas aos nossos grupos querendo até burlar a idade, dizendo ser mais velhos, para poderem freqüentar o grupo. Acho isso, no mínimo, interessante, porque essas pessoas contagiam as outras.

Sinto-me extremamente honrada pelo convite e pela oportunidade de ocupar novamente esta tribuna nesta Sessão Solene, e poder prestar a nossa homenagem aos idosos de Porto Alegre. Já são inúmeras as datas que estamos comemorando: a passagem do Dia Municipal do Idoso, o Dia dos Avós, que foi em julho, a Semana do Idoso, e também queremos homenagear o Dia Internacional do Idoso.

É um prazer e uma honra poder rever amigos tão queridos, tão especiais parceiros e lutadores pelo reconhecimento da importância do idoso na nossa sociedade. É também um prazer vermos essa interação, essa integração desses grupos de terceira idade, de melhor idade, de maior idade - diversas denominações que as pessoas lhe atribuem -, e isso é uma coisa que está se espalhando por todos os cantos. A eles minha homenagem especial.

Quero fazer um agradecimento e uma saudação especial ao Ver. Cyro Martini.

Gostaria de começar a minha fala pontuando coisas que já foram trazidas pelo Ver. Cyro Martini, ou seja, a questão da importância real desse crescimento extremado do número de idosos na nossa população. Trouxe alguns dados. (Lê.) “O envelhecimento de nossa população é um fenômeno universal, histórico, sem precedentes. Em 2020, mais do que setecentos milhões de pessoas, no mundo, ou seja, uma em cada dez pessoas, terá sessenta e cinco, ou mais, anos de idade. Nos países em desenvolvimento, esse fenômeno vem ocorrendo às custas e graças à intervenção médica, baseado no uso de avançada tecnologia e no descobrimento de novas drogas que contribuem com a longevidade. Também contribuindo para tanto a queda da natalidade, trazendo a esses países dramático crescimento da população idosa, em um período curto de tempo. O Brasil envelheceu em trinta anos o que a Europa levou cem anos para envelhecer. Os países não tiveram tempo, ou recursos, para estabelecer uma infra-estrutura dirigida às necessidades dessa população crescente.

Falar sobre envelhecimento pode parecer fácil, se nos encaminharmos pelos descaminhos da pieguice e da dialética sentimentalista vazia. Não se pode compreender a realidade e o significado da velhice, sem que se examine o lugar, a posição destinada aos velhos e a representação que deles se faz em diferentes lugares, principalmente se examinarmos as conseqüências do impacto sobre o velho, de sua retirada na participação social. Se por um lado o aumento da expectativa de vida significa uma oferta de infra-estrutura social, notadamente de saúde, que permite às pessoas envelhecerem, por outro lado, adiciona custos para essa situação específica. A longevidade aumentou e hoje já existe expectativa para o brasileiro, particularmente para o gaúcho, de mais de setenta anos, sendo comum idades bem avançadas, especialmente no Rio Grande do Sul, que é o Estado campeão de longevos na Federação, particularmente citamos a Cidade de Veranópolis.

A tendência na expectativa de vida ao nascer é de ficar ainda maior e esperamos que na virada do ano 2020, tenhamos, com muita freqüência, pessoas com mais de cem anos. É preciso então acrescentar aos anos qualidade de vida. Para tanto precisamos reforçar a importância e o papel de nossos representantes na execução de uma política social atuante, de modo a garantir para o idoso espaço na nossa sociedade, e que ele possa realizar seu potencial como agente social. O Governo, a sociedade em geral, as famílias terão de enfrentar esta nova realidade e a sua falta de atenção às necessidades do idoso. Lentamente, estão se dando conta das implicações que isso acarreta.

 Em 1996 foi proposto pelo Governo Federal e aprovado pelo Congresso a política nacional do idoso. A política nacional do idoso tem como objetivo assegurar os direitos sociais do idoso, criando condições para promover a sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade. No entanto, a atual implementação dessa política tem sido muito limitada - reforçando o que o Vereador colocou quanto a implementar a política estadual do idoso. Situa-se no envelhecimento social e suas repercussões psicológicas, o principal e o mais claro desafio da política de governo para atenção ao idoso.

A família brasileira, o mercado de trabalho e a sociedade têm, tradicionalmente, dado prioridade ao jovem e tendem a negligenciar as necessidades e a importância do idoso. Sabemos que a vida no mundo moderno tem relegado o homem e de modo particular, o velho, ao que poderíamos chamar de as três pragas do espírito que são: a solidão, a falta de esperança e o tédio. A única solução é o retorno à valorização ou o resgate da sabedoria do velho, onde a ternura tenha mais valor do que a violência; a humildade mais que a humilhação e as pessoas valham mais que o dinheiro. Os anos que pretendemos acrescentar à nossa existência são saudáveis, plenos de liberdade e de felicidade, e acredito que aqui está a representação disso. Essa aspiração não deve ser considerada uma graça a ser alcançada, mas um estado a ser conquistado dia após dia. Da velhice, não tenhamos medo do nome, não é uma fase da vida que se ingressa num dado momento determinado pela idade. A cada dia damos um passo em direção a este universo chamado envelhecimento, a cada passo determinamos a maneira como vivenciar a fase tardia de nossas vidas. Vemos, portanto, a urgência da implantação de uma política social atuante voltada para a valorização das pessoas idosas. Necessitamos desenvolver planos de ação que atendam às necessidades dos velhos nas mais diferentes áreas. Precisamos conscientizar nossa sociedade, nossos representantes políticos para esta nova geração de velhos, através de programas que contemplem às necessidades de cada um, promover a integração intergerações, resgatar o valor da família na atenção e cuidado com o seu idoso, promover espaços e ações que ajudem o velho a preservar e promover a sua autonomia, sua integração e sua efetiva participação na sociedade, tornando-o valorizado e respeitado. A situação em que possa se encontrar esse idoso agora não apaga seu passado de contribuições para a nossa sociedade. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Dib): Registramos a presença do Sr. Ernani Behs.

 

Ouviremos agora, pelo grupo Viva a Vida, a Oração da Família, sob a coordenação de Beto Rigotti.

 

(É feita a oração.)

 

O SR. LUIZ ALBERTO RIGOTTI: Sr. Presidente, demais autoridades da Mesa, eu, Beto Rigotti, aqui representando também o Grupo de Idosos Alegria, Alegria, não sou cantor, mas também não vou na primeira fervura. Então, já estamos chegando lá e tudo que foi dito aqui é de suma importância ao idoso, e que a família é a base de tudo. Então, eu convido não só este Grupo Viva a Vida, mas convido todos a que juntos nós lembremos da família. Porque nós nos lembramos da família só no momento da dificuldade. Como é bonito, há pessoas sentadas lá em cima com oitenta e quatro, oitenta e cinco anos. Então, vamos nos lembrar da família nos bons momentos, vamos nos lembrar da família também na hora da alegria, na hora que nós vivemos e vivemos bem com todos da nossa família.

A Dr.ª Cristina falou que a solidão é realmente uma das maiores doenças que enfrentamos, mas idoso feliz não vive em solidão. E todos que estão aqui estão felizes. Então, eu convido a todos, e quebrando um pouco o protocolo, se o senhor me permite, eu convidaria a todos para que de pé façamos a nossa oração pela família, é uma oração que tem que sair do coração, se não for do coração não adianta nós cantarmos. Convido a todos, eu não sou cantor, mas vou acompanhar vocês, mas eu gostaria de lembrar aqueles amigos que estão doentes, aqueles amigos que estão em dificuldades e que não puderam estar aqui, nós vamos cantar é para eles, para que amanhã eles estejam ao nosso lado com muita alegria. Convido a todos para que a gente passe esta energia aos amigos que não puderam estar aqui conosco.

 

(Apresentação do Coral.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Dib): Ainda bem que dizem que “a música é a fala dos anjos”.

Ouviremos, a seguir, o nosso excelente violinista, Sr. Jürgen Wentz, que vai-nos premiar com duas músicas muito bonitas e que vão deixar muita gente sensibilizada. Vai executar “Va Pensiero” e “Amigos Para Sempre”, que é o que queremos que todos sejamos: amigos para sempre!

 

(Assiste-se à apresentação.) (Palmas.)

 

Realmente, muito bonito, muito sensível a apresentação do nosso Violinista, Sr. Jürgen Wentz, que está fazendo desta festa uma coisa muito bonita, dando, com a sua música, um abraço a cada um de nós e àqueles que, por meio do Canal 16, vão nos assistir.

Finalizando esta Sessão Solene, convidamos a todos para, em pé, ouvirmos o Hino Rio-Grandense, que será executado pelo Violinista Jürgen Wentz.

(O Violinista Jürgen Wentz executa o Hino Rio-Grandense.)

 

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 16h29min.)

 

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